16 de abril de 2012

Batman Arkham City (PC, PS3, Xbox 360) (****)

Nãnãnãnãnãnãnã... Batman!
Até 2009, games de super-heróis eram quase sempre um fracasso garantido. Normalmente lançados após filmes, desenhos animados ou quadrinhos de sucesso, tentavam seguir fielmente a narrativa destes ou se aventuravam perigosamente fora do cânon criado em volta do herói.

Em 2009 o estúdio inglês Rocksteady revolucionou os games de super-heróis com Batman Arkham Asylum. O excelente jogo trazia o homem-morcego às voltas com uma conspiração no Hospício Arkham, para onde vão os vilões mais insanos e poderosos de Gotham City.

Agora a Rocksteady volta com mais uma aventura do Paladino de Gotham, desta vez em uma escala muito maior.

Em Arkham City, Bruce Wayne, identidade secreta do Batman, se vê as voltas com uma situação bem complicada. Enquanto o Hospício Arkham está em reformas, o antigo diretor do local, Quincy Sharp foi eleito como prefeito de Gotham e resolveu, sob os conselhos do psiquiatra Hugo Strange, cercar parte dos subúrbios da cidade e empilhar os presos lá, livres para andar a vontade e levar adiante suas brigas de gangues e vendetas.

Diante do perigo dessa prisão improvisada, colocando mutantes poderosos como Crocodilo e Cara-de-Barro lado a lado com trombadinhas e suspeitos de crimes menores, o bilionário Bruce Wayne inicia uma campanha para o fechamento do local... até ser capturado por forças de segurança privadas e jogado lá dentro, sem ter cometido crime algum.

Após receber seu uniforme de Batman e seus gadgets por entrega de Alfred, o herói agora tem que descobrir o motivo pelo qual Strange criou aquela prisão bizarra, proteger pessoas inocentes, presas injustamente por Strange e arrebentar a cara de vários vilões clássicos.

"Batman, de onde você tirou essa arma?"
A narrativa não é ruim, mas fica meio lenta e demora a desenvolver de maneira satisfatória, ainda mais quando o game te joga várias missões secundárias e dá certo senso de urgência para todas elas. É difícil não ficar perdido em Arkham City, sem saber se continua a narrativa principal, salva as vítimas do Charada, salva as vítimas do Zsasz ou se embrenha em várias e várias sidequests.

Também parece que o time da Rocksteady resolveu encher o jogo de vilões dos gibis, daqueles mais conhecidos como Coringa, Duas-Caras e Mulher Gato aos mais exóticos como Cara-de-Barro, Hush e o Chapeleiro Louco. Em Arkham Asylum, logo no início já viamos alguns dos prisioneiros e tinhamos alguma idéia de quem iríamos encontrar, além de termos coisas realmente divertidas sobre os vilões (incluindo áudio das sessões de terapia deles), em Arkham City muitos aparecem "gratuitamente", o que tira bastante do foco do protagonista...

A Rocksteady também tentou transformar Arkham City em um jogo de "mundo aberto", colocando uma área enorme com várias dezenas de quarteirões, para ser explorada. No entanto, não há realmente locais que sejam interessantes de se explorar, apesar da cidade ter partes bem diferenciadas (uma zona portuária, um bairro de apartamentos, uma área de fábricas, um subsolo do início do século XX...), todas parecem usar as mesmas texturas e terem inimigos similares, o que acaba tornando qualquer exploração livre um tanto entediante.

Por sorte a Rocksteady não deixa a bola cair. Além da narrativa principal, há aventuras paralelas com o Batman e oportunidade de jogar com a Mulher-Gato, o Asa Noturna e o Robin (todos DLCs), muitos desafios do Charada, colecionáveis e missões secundárias.

"Santo chute na cara, Batman!"
A jogabilidade, como é tradição da Rocksteady, é muito bem calibrada. Batman pode se esgueirar por frestas, escalar gárgulas e pegar bandidos desprevenidos, fazendo os colegas deles entrarem em pânico e saírem disparando tiros para todos os lados. Se você tiver paciência e sadismo o bastante, dá para torturar seus inimigos por horas, espreitando por detrás deles, atacando de esconderijos e disparando bat-bumerangues nos extintores de incêndio perto deles...

Lutar é divertido e precisa de uma boa dose de estratégia. Basicamente você tem um botão para bater e um para defender, mas dependendo do oponente e de como ele está armado (facas, portas de carro como escudo, pedaços de pau, marretas, armas de fogo...) você tem que desviar ou aplicar combos diferentes ou não vai conseguir vencê-los. Chefes e inimigos especiais dão bastante trabalho e são muito, muito divertidos de se enfrentar, do gosmento Cara-de-Barro ao místico Ra's al Ghul, passando pelo Sr. Frio (que não cai duas vezes na mesma armadilha) e o Pinguim e seu tubarão de estimação (!!!).

Infelizmente os outros personagens não são tão interessantes de se jogar, a Mulher Gato, por exemplo, apesar de ser mais ágil e rápida do que Batman, não consegue se esgueirar pelos inimigos com a mesma facilidade, tornando algumas partes da campanha dela uma decepção...

Mulher-Gato, bonitinha mas ordinária...
Graficamente, Arkham City impressiona. Hoje a maioria dos games, incluindo sucessos como Skyrim e Mass Effect 3, optam por modelar seus personagens em partes separadas, sendo fácil perceber onde a cabeça foi "encaixada" no tórax ou até diferenças na qualidade das texturas do rosto e dos braços.

Ao contrário da tendência, este game tem alguns dos melhores modelos de personagens dos jogos atuais. Todos parecem surpreendentemente sólidos, tem uma ótima física, bons efeitos de luz e texturas muito bem feitas e não tem "costuras" no corpo. Golpes que Batman e seus amigos desferem nos oponentes ás vezes doem até no jogador, tão bem feita que é a física e a detecção de colisão de Arkham City.

Há muitos pequenos detalhes que fazem da Rocksteady uma das softwarehouses mais caprichosas em termos gráficos. Flocos de neve que ficam presos na roupa dos personagens, arranhões e buracos na capa do Batman e na roupa da Mulher Gato, gotas de água caindo e reflexos de luz muito bem modelados mostram um cuidado incrível com o jogo.

A movimentação também é muito bem feita, do delicioso rebolado da Mulher-Gato ao andar manco do Pinguim, passando pelas cenas de luta, escalada e capacidade de planar do Batman.

Em termos de som, Arkham City também se destaca. As dublagens são realmente maravilhosas, principalmente Mark Hamill (O Luke Skywalker de Star Wars) como o Coringa . Os diálogos são bem feitos e ajudam a dar gás para a narrativa, mas o melhor mesmo é ouvir os capangas dos vilões trocando milhares de linhas de diálogo entre eles, praticamente sem nunca se repetir (viu Bethesda e seus guardas de Skyrim que tomaram flechas nos joelhos!?). Enquanto você explora Arkham City, dá para escutar capangas discutindo sobre o frio, falta de comida, medo do Coringa e dos outros super-vilões, bringando entre si ou até mesmo comentando o rebolar e as roupas da Mulher Gato.

As armas também parecem bem convincentes e com ótimos efeitos sonoros, os golpes e todo o mundo em volta tem ótimos sons e até efeitos de eco dentro de construções grandes como museus e igrejas são bem feitos.

Graficamente uma coisa me incomodou bastante, alguns modelos, principalmente o Pinguim, são meio estranhos... Eu não acompanho os quadrinhos do Batman, mas não acho que um sujeito com tantas habilidades para conseguir contrabando e equipamentos tecnológicos quanto o Pinguim precise usar um fundo de garrafa como monóculo (!!!). E por que raios ele tem uma caixinha de som presa na garganta? Será que Batman usou uma garrafa de vidro e um PC velho pra bater no coitado do vilão e ele nunca mais se recuperou do trauma?!

Pinguim: Fundo de garrafa como monóculo e caixinha de som implantada no pescoço... Não lembro de ter visto isso nos quadrinhos... 
Batman Arkham City é um game muito caprichado, bem feito e bem montado, embora sua narrativa ainda não seja tão boa quanto deveria. O estilo "mundo aberto" é meio inútil e dificilmente você vai passar mais que alguns minutos passeando pela prisão a céu aberto só por passear, mas os gráficos maravilhosos e a ótima jogabilidade com o Batman fazem deste game um dos melhores, senão o melhor, de 2011.



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