27 de abril de 2011

The Sims Medieval (PC) (**)

The Sims Medieval (PC) (**)

Gamers devem muito a um game design chamado Will Wright. Quando Will começou a mexer com jogos, estes eram território exclusivo de homens, normalmente adolescentes e pré-adolescentes, com enredos rasos e enfoque em heróis testosteronizados explodindo monstros. Wright trouxe outras formas de jogos, como a série Sim (com Sim City até títulos mais estranhos como Sim Ant, onde você administrava um formigueiro...), com foco em administração pública, a série The Sims (praticamente uma "casa de bonecas virtual", com enfoque em relações humanas, arquitetura e design), e a série Spore (com enfoque em biologia e história).

Os jogos de Will Wright trouxeram outros públicos para o mundo dos games. Pergunte em colégios e faculdades para as meninas, se elas jogam algum game e, com um pouco de insistência você pode descobrir que a maioria joga The Sims ou Sim City, mesmo as que não gostam "de videogame". Jogos de redes sociais, como Mini Fazenda e Colheita Feliz só existem hoje porque Wright resolveu aposentar os Doom e Wolfenstein de sua época para criar o jogo de administração Sim City.

Recentemente, brigas internas fizeram com que Wright saísse da EA Games e da Maxis, sua softwarehouse. Sem seu fundador, a Maxis continuou criando pacotes de expansão para os títulos já existentes, e agora lançou seu primeiro jogo sem Will Wright, The Sims Medieval.

Em muitos aspectos, Medieval ainda é o mesmo The Sims que muitos amam. A parte gráfica e sonora ainda é similar à de The Sims 3, e a jogabilidade é praticamente a mesma. A falta de Will Wright é sentida logo ao começar o game. Ao contrário de Spore, Sim City e The Sims, que não tinham um "enredo" a ser seguido, apenas ferramentas que você podia usar para criar sua raça de conquistadores espaciais, sua cidade ideal ou família. Medieval começa com uma cutscene contando a história de um mundo medieval governado por uma divindade chamada "The Watcher", o jogador, que deveria guiar os estúpidos habitantes rumo à prosperidade.

Ao iniciar o game você é convidado a criar um único personagem (nada de famílias já prontas como em The Sims 3). Este será o governante local, responsável por manter o reino em paz e governar com justiça...

Então mais uma falta é sentida. Aqui você não constrói seu castelo do zero, como em The Sims. Na verdade você não tem nem mesmo a possibilidade de girar a câmera 360º quando estiver dentro de uma construção...

The Sims Medieval é divertido por algumas horas. Você terá que realizar missões a ambições pessoais d e seu personagem, de maneira semelhante à The Sims 3, porém com menos liberdade de escolha. Conforme você vai completando as missões, poderá construir novos edifícios como forjarias e torres de mago, criar novos Sims e, em algumas missões, escolher com qual deles você quer jogar. Ainda há alguma liberdade em como decorar seus edifícios, e algumas opções de cabelo, barba e roupas para seus Sims, mas tudo sensivelmente reduzido em relação aos outros jogos da série (só eu estou vendo DLCs e Pacotes de Expansão no horizonte?).

O problema é que a Maxis, sem Will Wright, cortou justamente o que era mais divertido em The Sims, criar sua própria história. Aqui não há liberdade para você "fazer o que quiser", você tem que cumprir os objetivos da quest e pronto. Ponto final.

Se você não quiser, estiver mais interessado em punir seus aldeãos jogando eles para o monstro do poço ou sair galanteando princesinhas por aí, seu personagem fica deprimido e começa a se dar mal em qualquer tarefa que tentar. E o game não é nem um pouco sutil em te avisar que tudo isso é porque você não está cumprindo a missão...

Muita coisa também ficou automática. Em certa parte você deve matar um dragão, só que toda a aventura se resume a levar o personagem para o local e escolher a opção "matar dragão". O jogo vai mostrar um desenho muito cara-de-pau para te informar de você matou ou não o bicho... Você nem chega a ver o tal dragão.

É uma pena, mas The Sims Medieval é um jogo engessado. Há muita opção de diversão, mas você é constantemente penalizado por buscá-las ao invés de seguir o roteiro tedioso do jogo. Há muitos locais que prometem aventuras incríveis, mas tudo o que você ganha são desenhos dizendo se seu personagem se divertiu ou não. A jogabilidade e gráficos lembram The Sims, mas há pouca variedade de elementos para customizar seus personagens. Há uma narrativa promissora, mas as missões são repetitivas e chatas. Resumindo, é um game cheio de boas intenções, mas muito mal executado, que nunca cumpre o que promete.

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